MANIPULAÇÃO MAGISTRAL PARA ESTÉTICA
Personalização dos Tratamentos

ANAMNESE PARA PROGRAMA DE TRATAMENTO PERSONALIZADO

Vamos iniciar entendendo o conceito de personalização. Segundo a definição, personalização significa algo individualizado, com características próprias para determinado indivíduo, espaço ou objeto. E este é o objetivo destes programas de tratamento idealizados neste livro, que contém somente fórmulas manipuladas em Farmácia Magistral.

Mais importante do que personalizar é buscar resultados positivos em nossos tratamentos. Muitas vezes pequenos e mesmo grandes detalhes são esquecidos na entrevista inicial que chamamos de anamnese.

Uma anamnese pautada em questões completas, pertinentes, objetivas e que façam sentido para sua investigação com foco na afecção a ser tratada, e que tragam informações que sejam capazes de identificar pontos importantes para o sucesso de seu tratamento, permite que você personalize e individualize sua abordagem e, desta forma, tenha maior possibilidade de sucesso e satisfação ao fim da abordagem estética.

A anamnese inicial tem a intenção de conhecer o paciente e investigar os principais pontos que podem contribuir para o sucesso ou insucesso do tratamento.

Além dos dados pessoais que colhemos logo no início da entrevista, se faz necessário levantar qual a queixa principal e a quanto tempo ela está instalada.

Questões como hábitos de vida, atividade física, alimentação, uso de medicamentos, ingesta de água, ingesta alimentar (tipo, qualidade e frequência de alimentação), tratamento médico que esteja realizando, uso de cosméticos, abordagens estéticas anteriores (identifica o que já foi feito, se foi ou não satisfatório, que recursos foram utilizados), patologias de base (doenças crônicas), medicamentos em uso (estes podem contribuir negativamente em alguns aspectos), nível de estresse, horas de sono etc.

Mas, não é só isso. Com base nas informações relatadas pelos clientes/pacientes, vamos nos aprofundando nas perguntas e, com base nestas informações, conseguimos personalizar nossos tratamentos e nossas formulações.

Extraído do livro MANIPULAÇÃO MAGISTRAL PARA ESTÉTICA: Personalização dos Tratamentos. Para adquirir o livro clique aqui.

Quanto mais profundos, mais aparentes serão os resultados, porém au-mentarão também os riscos de hiperpigmentação ou hipopigmentação pós-in-flamatórias e o desconforto no período após o procedimento.
Os critérios utilizados para indicação de cada tipo de peeling compreendem idade, fototipo, área a tratar, grau de fotoenvelhecimento, objetivos a alcançar e habilitação do profissional aplicador, além dos fatores inerentes a cada paciente em particular.2

A absorção dos fármacos varia segundo:

Características da pele: espessura da epiderme, densidade de folículos, grau de fotoagressão, sexo (a pele masculina é mais oleosa, dificultan¬do a penetração), fototipo (quanto mais baixo, maior a penetração), integridade da barreira epidérmica, preparo prévio, limpeza precedente à aplicação do agente esfoliante, procedimentos anteriores recentes e uso de isotretinoína oral;

Agente químico: características físico-químicas, volume, concentração, veículo, tempo de exposição;
Modo de aplicação: uso de cotonetes, pincéis descartáveis, dedos enluvados ou gaze, oclusão ou não da área tratada, pressão e fricção durante a aplicação, número de camadas e frequência do procedimento.

O profissional deve possuir conhecimentos adequados dos diferentes agentes para esfoliações químicas, do processo de regeneração da pele, da técnica, bem como da identificação e do tratamento de complicações.1

Ao indicar um peeling, o profissional deve analisar o perfil psicológico do paciente, sua atividade profissional e tempo disponível para afastamento.

Deve também oferecer informação detalhada por meio de material educativo, indicar o preparo prévio e esclarecer sobre o período de descamação e os benefícios esperados.

A anamnese deve incluir histórico médico, grau de exposição ao sol, ocupação profissional, antecedentes de herpes simples, tratamento com isotre-tinoína nos últimos seis meses, tendência para queloides e hiperpigmentação pós-inflamatória, medicamentos em uso, comprometimento imunológico e tabagismo, o qual pode alterar a evolução dos procedimentos profundos, mas não é relevante nos superficiais.
No exame, é preciso observar: fototipo, grau de fotoenvelhecimento, atividade sebácea (pele oleosa ou seca), presença de hiperpigmentação pós-in-flamatória, presença ou história queloide, infecção ou inflamação preexistente.

O preparo prévio deve ser iniciado pelo menos duas semanas antes do procedimento, posto que reduz o tempo de cicatrização, permite penetração mais uniforme do agente e diminui o risco de hiperpigmentação pós-inflamatória. Os peelings muito superficiais dispensam preparo, mas os demais necessitam de um preparo da pele proporcional à profundidade pretendida.

Este preparo é realizado com substâncias que condicionam a pele. Utilizam-se fórmulas contendo: ácido retinoico (0,025-0,1%) e/ou ácido glicólico (5-10%), as¬sociados ou não a despigmentantes, como hidroquinona (2,5-5%), ácido kójico (1-2%) ou ácido fítico, em veículos apropriados para cada tipo de pele.6

Os cuidados com o sol são fundamentais, mesmo antes da aplicação. Filtros solares com FPS alto e veículo hidratante são indicados durante todo o processo de recuperação da pele. Pacientes com antecedentes de herpes simples devem fazer terapia antiviral profilática (aciclovir 200 mg – 4/4 horas ou valaciclovir 500 mg – 12/12 horas, durante cinco dias; ou ainda lisina 500 mg – 12/12 horas).
É obrigatório obter o termo de consentimento informado do paciente e fazer a documentação fotográfica. As seguintes observações são importantes para a segurança na aplicação de peelings:7

° Evitar aplicar em pele irritada, eritematosa ou inflamada.
° Ter sempre à mão substância neutralizante do agente químico em uso.
° Usar escala sensitiva de 1 a 10.
° Estar sempre atento aos sinais visuais, como eritema e branqueamento (frosting), que ajudam a identificar o grau de penetração das substâncias e a profundidade que está sendo alcançada.
° Peelings muito superficiais – somente eritema.
° Superficiais – frosting rendilhado com eritema de fundo.
° Médios – frosting uniforme e sólido.

Peelings muito superficiais e superficiais
Como atingem apenas a epiderme, os melhores resultados são obtidos com aplicações seriadas, realizadas em intervalos curtos.

A descamação subsequente costuma ser fina e clara, não alterando a rotina diária do paciente. Melhoram a textura da pele, são coadjuvantes no tratamento da acne,8 clareiam manchas e atenuam rugas finas, além de estimular a renovação do colágeno.

Peelings médios

Provocam descamação espessa e escura, demandando de sete a 15 dias para retorno à vida normal. São indicados para ceratoses e rugas mais pronunciadas.

Peelings profundos

São procedimentos mais fortes e agressivos que os demais. Provocam a formação de muitas crostas espessas, e o pós-peeling pode exigir o uso de curativos. A recuperação pode durar até três meses. Apresentam resultados significativos, com renovação importante da pele e diminuição de rugas profundas, como aquelas ao redor da boca e dos olhos. O procedimento deverá ser realizado apenas por médicos.

Peelings combinados

Visando obter resultados mais perceptíveis em menor tempo, pode-se utilizar a técnica dos peelings combinados, em que se associam dois tipos de fármacos na mesma sessão.

Aproveitam-se os melhores efeitos de cada substância, resultando em ação mais eficiente sem aprofundamento desnecessário.

É possível, também, utilizar diferentes tipos e concentrações de ácidos de acordo com as alterações de cada região da face. Pode-se utilizar peelings de média profundidade apenas nos locais em que o fotoenvelhecimento se mani¬festa mais pronunciadamente, utilizando-se, nas áreas em que o dano for menor, ácidos menos potentes. Dessa forma, os efeitos colaterais mais intensos ficam restritos aos locais em que foram utilizados os ácidos mais potentes, diminuin¬do o desconforto no período pós-peeling. A adaptação da profundidade segue o conceito de unidades estéticas.

Nos últimos Congressos na Europa, a tendência é de substituir os ácidos agressivos por ativos despigmentantes mais seguros, menos agressivo à estrutura da pele, que controlam a atividade bioquímica dos melanócitos, evitando os riscos de hiperpigmentações ou hipopigmentações pós-inflamatórias e garantindo as atividades sociais dos pacientes, sem a necessidade de reclusão devido às lesões.

Referências bibliográficas

1. Oremović L, Bolanca Z, Situm M. Chemical peelings–when and why? Acta Clin Croat. 2010;49(4):545-8.
2. Khunger N. Standard guidelines of care for chemical peels. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 2008;74(Suppl):S5-12.
1. Brody HJ, Monheit GD, Resnik SS, et al. A history of chemical peeling. Dermatol Surg. 2000;26(5):405-9.
2. Rendon Mi, Berson DS, Cohen JL, et al. Evidence and Considerations in the Application of Chemical Peels in Skin Disorders and Aesthetic Resurfacing. J Clin Aesthet Dermatol. 2010;3(7):32-43.
3. Levesque A, Hamzavi I, Seite S, et al. Randomized trial comparing a chemical peel contai-ning a lipophilic hydroxy acid derivative of salicylic acid with a salicylic acid peel in subjects with comedonal acne. J Cosmet Dermatol. 2011;10(3):174-8.
4. Velasco MVR, Ribeiro ME, Bedin V, et al. Rejuvenescimento da pele por peeling químico: enfoque no peeling de fenol. An Bras Dermatol. 2004;79(1):91-9.
5. Fischer TC, Perosino E, Poli F, et al. Cosmetic Dermatology European Expert Group. Chemical peels in aesthetic dermatology: an update 2009. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2010;24(3):281-92.
6. Handog EB, Datuin MSL, Singzon I. Chemical Peels for Acne and Acne Scars in Asians: Evidence Based Review. J Cutan Aesthet Surg. 2012;5(4):239-46.

Confira os artigos a seguir no livro Ativos Dermatológicos, volume 10.

ARTIGOS E SEUS AUTORES:

1. Desmitificando o uso do canabidiol (cbd) proveniente da cannabis sativa na terapia clínica e na produção de cosméticos, Prof. Dr. Carlos Jorge Rocha Oliveira
2. A evolução da molécula de vitamina A utilizada em formulações cosmecêuticas, Camila de Lima Oliveira, Camila dos Santos Ferro, Karina Longati, Sthefannie Victoria Santos da Cunha, Tairine Honda, Valéria Maria de Souza Antunes, Carlos Rocha Oliveira
3. Peelings, Halika Groke
4. Certificações para desenvolvimento de biocosméticos, Isabela Vasques de Souza Antunes
5. Maison végane – como as maquiagens veganas estão revolucionando o mercado cosmético, Joyce Quenca
6. Adjuvantes Cosméticos, Mônica Antunes Batistela
7. Modificadores de sensorial, Mônica Antunes Batistela
8. Acne: uma abordagem de tratamento ampla, para melhor eficácia, Paula de França Carmo da Silva
9. Rejuvenescimento, Valéria Maria de Souza Antunes
10. Reflexões sobre os danos causados na pele e na saúde relacionados à poluição ambiental e à poluição tecnológica, Valéria Maria de Souza Antunes
11. Tendências e inovações em bases dermocosméticas, Valéria Maria de Souza Antunes e Daniel Antunes Junior
12. Despigmentantes e estética íntima, Adria Sadala
13. A alta tecnologia combinada à cosmetologia no tratamento do fibro edema geloide, Adria Sadala
14. Epigenética, Prof. Dr. Carlos Jorge de Oliveira
15. Estrias, Adria Sadala
16. Hidratantes, Dailys Pires Bergesch
17. A revolução dos nanomateriais, Valéria Maria de Souza Antunes
18. Máscaras, esfoliantes e aditivos especiais, Valéria Maria de Souza Antunes
19. Microbiota da pele, Andréia Bartachini Gomes
20. Multifuncionalidade de ativos como diferencial competitivo, Valéria Maria de Souza e Daniel Antunes Junior
21. Nutracêuticos, Priscila Dejuste
22. Unhas: além da anatomia, Daniel Antunes Junior
23. Ativos de uso capilar, Ademir Carvalho Leite Júnior
24. Terapia capilar, A. Erica Bighetti Ribas

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